Turistória: história aplicada ao turismo em Torres 4xs58

O livro Torres tem História, de Ruy Ruben Ruschel, não é apenas uma obra para ser lida — é um livro para ser pesquisado. Nele, além de um rico conteúdo histórico, há muita indagação, provocação, ideias a serem colocadas em prática e também várias que o próprio autor realizou (ou ajudou a concretizar) 476o2z

9 de junho de 2025

O livro Torres tem História, de Ruy Ruben Ruschel, não é apenas uma obra para ser lida — é um livro para ser pesquisado. Nele, além de um rico conteúdo histórico, há muita indagação, provocação, ideias a serem colocadas em prática e também várias que o próprio autor realizou ou ajudou a concretizar.

Em uma das releituras que fiz dessa obra tão conhecida, encontrei uma dessas provocações por mudanças: a criação do Parque Histórico Torrense.

Ruschel explica, em uma crônica publicada no ano de 1986, que embora o turismo em Torres esteja fortemente associado ao verão e às belezas naturais, a cidade não deveria renunciar às suas raízes históricas.

Torres possui uma história rica que precisa ser contada e mostrada — tanto aos turistas quanto aos próprios torrenses, muitos dos quais a desconhecem. No centro histórico da cidade, especialmente, ainda restam diversos locais de importância histórica que, combinados com as histórias de seus moradores e personagens ilustres, têm potencial para se tornarem atrativos turísticos. Era esse complemento ao turismo de Sol e Mar que o saudoso autor propunha aos es municipais na década de 1980.

A proposta, encaminhada por ele em novembro de 1984, consistia na criação de um Parque Municipal Histórico, o “Parque Histórico Torrense”. A ideia envolvia a integração e o tratamento urbanístico de praças já existentes no centro histórico: a Praça Cel. Severiano Rodrigues da Silva (a Praça da Matriz), a Praça Júlio de Castilhos (em frente à Escola Cenecista), a Praça Mal. Floriano Peixoto (em frente à Pousada da Prainha) e a escadaria que desce da Rua Júlio de Castilhos até a lagoa.

O projeto incluía, além da Igreja e suas escadarias, a Casa nº 1 — a primeira residência construída em Torres, pertencente ao Alferes Manoel Ferreira Porto — a ser restaurada e aberta à visitação; o Grupo Escolar Marcílio Dias (posteriormente, Escola Cenecista), que deveria ser restaurado e valorizado com uma nova função; e a revitalização das escadarias da Praça da Matriz. Todos esses elementos seriam integrados e preparados para visitação. Segundo Ruschel, o projeto era minucioso: “O tratamento paisagístico de todo o conjunto proporcionaria um notável elo turístico entre o Morro do Farol e a margem da Lagoa do Violão; renovada atenção seria atraída para a parte antiga da cidade, seu centro histórico, onde ainda se encontram a Prefeitura, a velha igreja e as simpáticas casas centenárias que enriquecem nosso patrimônio cultural.”

Enviado há quarenta anos à secretaria municipal competente, o projeto audacioso deve estar, hoje, esquecido em alguma gaveta ou arquivo junto a tantos outros.

A ideia de unir turismo e história não foi uma invenção do professor Ruschel. Ele apenas procurava mostrar alternativas para ampliar o turismo em nossa cidade. Especialmente na Europa, esse tipo de turismo é predominante — ruínas, castelos medievais, muralhas, igrejas e museus fazem parte dos principais atrativos turísticos do Velho Mundo. Essa prática é conhecida como Turistória: história aplicada ao turismo, ou turismo que se vale da história.

Ruschel encerrou sua crônica pedindo leis justas e adequadas de tombamento para preservar esse pequeno espaço onde a história de Torres ainda está edificada. Quarenta anos se aram — e continuamos fazendo o mesmo pedido.

 




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